quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Cultura: A dama do Barro Ana das Carrancas dá adeus á Petrolina deixa Saudades...


Artigo especial

Ana das carrancas, a alma do barro

Por Carlos Larte

Jornalista

As carrancas espantam maus espíritos, contam as lendas. Mistura de homem e animal, elas saíram da proa das embarcações para virar elementos decorativos e de estudo em muitos idiomas. E foi em Petrolina-PE, que Ana Leopoldina dos Santos fez das barrancas do Rio São Francisco, as Carrancas de barro.

Filha sertaneja de Ouricuri-PE, ela modelou as primeiras peças ao compasso de uma promessa: tirar seu marido cego das ruas onde pedia esmolas e educar as filhas. Daí em diante um traço marcante caracterizou o trabalho cada vez mais reconhecido em várias partes do mundo. As peças de Ana das Carrancas têm sempre os olhos vazados. Uma metáfora da própria vida da artesã. Mas ela consegue sublimar as dificuldades, transformando-as em desafios expressivos de uma arte primitiva, vigorosa e fantástica.

Ana das Carrancas, nascida do bafo da Caatinga, goza da fertilidade das águas, da perspectiva do fogo. Do forno caseiro à espera da “queima” das futuras “filhas”, que virão na forma de cinzeiro, vasos, mesas, barcos, Barro em ebulição. Um prolongamento da alma, feito pura argila. Do mesmo pó ao qual inevitavelmente retornaremos.

Fonte: Blog do Mágno

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