terça-feira, 30 de setembro de 2008

Lula diz que acordo ortográfico é "estratégico" para o mundo lusófono

Presidente considera que acordo aproxima mais o Brasil de outros países lusófonos, entre eles os africanos, com os quais espera que aumente o comércio de produtos editoriais.

Da Redação com agências

Rio de Janeiro - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem (29) que o Brasil "se reencontrou" ao assinar o decreto que promulga o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que definiu como "estratégico" e que entrará em vigor em janeiro próximo.

Segundo Lula, o acordo aproxima mais o Brasil de outros países lusófonos, entre os quais destacou os africanos, com os quais espera que aumente o comércio de produtos editoriais graças à nova ferramenta ortográfica da língua de Camões.

"O acordo tem uma importância maior do que pode parecer à primeira vista", disse o presidente, que afirmou ainda que a norma possui um "significado estratégico" para a cooperação entre os países lusófonos "e a própria presença da língua portuguesa e de nossa literatura no mundo".

Lula fez as declarações na sede da Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, onde assinou ontem (29) o decreto que dá sinal verde ao acordo que simplificará e unificará a forma como o português é escrito nos oito países em que é idioma oficial. "Quero destacar aqui o imprescindível resgate de nossos laços substantivos com a África, em particular com a África de língua portuguesa, que para nós representa mais, muito mais que uma prioridade geopolítica", completou o presidente.

Lula destacou que desde que chegou ao poder visitou 21 países da África como parte de uma política para resgatar o continente do esquecimento esse continente e reforçar laços comuns.

O acordo diz muito "de nossa alma, de nossa identidade como nação multiétnica e multicultural (...) É o reencontro do Brasil com algumas de suas raízes mais profundas", afirmou o presidente.

Lula assinou o decreto em um ato no qual a ABL celebrou o centenário da morte de Machado de Assis (1839-1908), o mais universal dos escritores brasileiros.

Na celebração, Lula encorajou os brasileiros a promoverem uma "revolução do livro e da leitura", para estender a cultura aos mais pobres e evitar que sejam perdidos novos gênios como Machado de Assis, de origem humilde e que foi o primeiro presidente da ABL.

"Não cabe a mim discorrer sobre seus métodos literários. Vou destacar o aspecto central: filho de lavadeira, neto de escravo, poucos estudos regulares, aprendeu a trabalhar como aprendiz de tipógrafo", resumiu o presidente, ao falar do renomado escritor brasileiro.

O acordo ortográfico foi aprovado em dezembro de 1990 por representantes de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. O Timor-Leste aderiu ao projeto em 2004, dois anos após sua independência da Indonésia.

Para entrar em vigor, o acordo necessitava da ratificação de, no mínimo, três países, o que foi obtido em 2006 com Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. O Parlamento de Portugal deu o sinal verde ao projeto em maio deste ano.

No Brasil, a nova norma entrará em vigor em janeiro de 2009, e sua implantação será feita de forma gradual, de modo que as novas normas chegarão aos textos escolares em 2010 e serão obrigatórias a partir de 2012.

A reforma estabelece 21 bases de mudanças na língua portuguesa, tais como a supressão do trema, novas regras para o uso do hífen, a inclusão das letras "k", "w" e "y" no alfabeto e também novas regras de acentuação.


Fonte: África 21

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CRISE NA SAÚDE

Avança criação das fundações


Governo define hoje os nomes das pessoas que vão administrar os principais hospitais do Estado. Idéia é descentralizar demandas e agilizar as atividades

Enquanto servidores da Saúde seguem parados em greve ideológica contra as fundações de direito privado, que serão responsáveis pelo comando dos principais hospitais públicos de Pernambuco, o governo dá o primeiro passo, na prática, para implantar o novo sistema de gestão. Hoje, serão definidos os nomes das pessoas que vão passar a ocupar a direção e as gerências médicas, administrativas, de suprimentos e engenharia e de manutenção nos Hospitais da Restauração, Otávio de Freitas, Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães, Barão de Lucena e Regional do Agreste, em Caruaru.

A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Saúde (SES) comunicou que os nomes, fechados hoje, vão ser publicados no Diário Oficial até o fim desta semana. Assim que a lista for publicada, os servidores já assumem a nova função. Grande parte dos diretores atuais das emergências deve ser mantida no posto. As 30 vagas de diretores e gerentes vão ser ocupadas por meio de uma seleção simplificada. O organograma atual dos hospitais conta apenas com um diretor-geral e um vice-diretor. Conforme a SES, eles ficam sobrecarregados com processos de compra, licitação e manutenção das unidades.

Com a implantação das gerências, a idéia é descentralizar as demandas e conferir maior qualidade e agilidade às ações. Hoje, se ocorrer, por exemplo, um problema hidráulico em uma unidade de saúde, o diretor tem que resolver.

O estatuto da Fundação Josué de Castro ainda não foi concluído. Segundo a assessoria de imprensa da SES, o documento deve ser concluído até o fim de outubro. O vice-governador e secretário de Saúde, João Lyra Neto, assegurou que nenhum servidor vai perder direitos com a implantação das fundações. O governo vai organizar um sistema de pagamento por produtividade, mas, a carga horária original de cada funcionário será mantida. A diferença é que, agora, o funcionário vai poder optar se quer trabalhar mais para receber um salário maior no fim do mês.


Fonte: Jornal do Commercio – 30.09.2008

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

EDUCAÇÃO - Aumenta distância racial no acesso às Universidades brasileiras

"A desigualdade em termos de apropriação de usufruto de um bem escasso, como é o ensino universitário, está sendo cada vez cada vez maior", segundo pesquisador do IBGE.

Universidade de Brasília

Rio de Janeiro - As desigualdades sociais se agravaram entre brancos e negros na última década. É o que mostra a análise da Sínteses de Índices Sociais, baseada em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007. O estudo foi divulgado, quarta-feira (24), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa de freqüência das pessoas de cor preta e parda às instituições de ensino superior não alcançou, em 2007, o patamar que os brancos tinham dez anos antes. A diferença a favor dos brancos, em vez de diminuir, aumentou nesse período: em 1997, era 9,6 pontos percentuais aos 21 anos de idade, enquanto em 2007 esta diferença saltou para 15,8 pontos percentuais.

O pesquisador do IBGE José Luís Petruccelli recordou que, embora o número de pessoas que se consideram negras ou pardas represente quase metade da população, esse índice não se reflete no acesso aos bens e serviços na sociedade brasileira.

Ele acredita que os programas sociais e as políticas de cotas para diminuir as desigualdades raciais não têm surtido efeito. “O dado revela que a desigualdade em termos de apropriação de usufruto de um bem escasso, como é o ensino universitário, está sendo cada vez maior, com vantagens por parte dos brancos sobre os grupos de pretos e pardos”.

Em 1997, um a cada dez brancos (9,6%) tinha nível superior completo. Essa proporção era de um para cada 50 (2,2%) entre os de cor preta e parda. Em 2007, esses percentuais são de 13,4% e 4% respectivamente. “O hiato entre os dois grupos também aumentou, pois era de 7,4 pontos percentuais em 1997 e passou para 9,4 pontos percentuais em 2007”, revelou Petruccelli. As informações são da ABr.

Fonte: site África 21

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terça-feira, 23 de setembro de 2008

Brasil e Senegal


Ministros da Cultura dos dois países reúnem-se para tratar do 'Festival Mundial das Artes Negras'




O ministro da Cultura brasileiro, Juca Ferreira, reuniu-se na manhã desta terça-feira, 23 de setembro, com o ministro da Cultura senegalês, Mame Birame Diouf, para tratar do III Festival Mundial das Artes Negras (Fesman).
O evento será realizado de 1° a 21 de dezembro de 2009, em Dacar, no Senegal, tendo como tema o Renascimento Africano e o Brasil como país convidado de honra.
O encontro entre os dois ministros aconteceu na sede do Ministério da Cultura, em Brasília, e contou com a participação do presidente da Fundação Cultural Palmares, Zulú Araújo, de representantes do Ministério das Relações Exteriores e da Delegação do Senegal.
Durante a reunião, o ministro Juca Ferreira outro padrão de relação com os países da África.”
Zulú Araújo assegurou aos senegaleses que ao mudar os ministros da Cultura do Brasil, não foi mudada a política de apoio à África, já elaborada pelo ex-ministro Gilberto Gil. Ele divulgou que será criado um comitê interministerial para tratar do evento. “O Brasil tem consciência da importância do continente africano no Brasil e por isso a Palmares irá disponibilizar recursos no orçamento de 2009 para os trabalhos iniciais do Fesman.”
A responsabilidade pela condução da participação brasileira no III Fesman não será exclusividade do MinC, mas será compartilhada com outros órgãos do Governo Federal, a serem convidados para integrar esse processo, especialmente os Ministérios das Relações Exteriores (MRE), do Turismo (MTur) e do Desenvolvimente, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República. Serão criados um Comitê Nacional, um Comitê do Ministério da Cultura, um Comitê Interministerial e uma Coordenação Executiva.
Fesman
O Festival Mundial das Artes Negras é a maior reunião das artes e da cultura negra do mundo. Foi idealizado pelo ex-presidente do Senegal, Léopold Sédar Senghor, na Década de 1960, com o tema Significação da Arte Negra pelo Povo e para o Povo. O segundo encontro ocorreu na Nigéria, em 1977, com o tema Civilização Negra e Educação.
Nessa terceira edição, o Fesman irá homenagear o Brasil e dará enfoque na união das políticas nacionais e na integração com as culturas dos países da Diáspora (nações que receberam escravos negros, como os Estados Unidos da América, o Brasil e países do Caribe e da Europa). A homenagem se deve principalmente ao fato de o Brasil abrigar a segunda maior população negra mundial depois da África.
A inovação do evento do próximo ano é o alcance que o Festival terá com a participação de mais de 80 países e a descentralização das atividades. Quatro redes de satélite vão percorrer o mundo inteiro mostrando toda a programação, que será transmitida em cinco idiomas: inglês, francês, espanhol, português e árabe.
Alioune Badara Beye, coordenador do Comitê Internacional de Orientação do III Fesman e membro da Delegação do Senegal, propôs que a participação do Brasil também seja marcada pela presença do Carnaval, para abrir e encerrar as festividades, e por uma partida de Futebol a ser promovida entre a Seleção Brasileira e uma seleção formada por atletas de países da África.



(Texto: Narla Aguiar)
(Fotos: Marcelo Lucena)
(Comunicação Social/MinC)

Publicado por
Comunicação Social/MinC


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domingo, 21 de setembro de 2008

Manifestação no Rio pede fim do preconceito contra religiões Africanas


Publicado em 21.09.2008, às 11h24

Religiosos, intelectuais e artistas já estão concentrados na Praça do Lido, na zona sul do Rio, para participar de uma caminhada na praia de Copacabana em protesto contra a intolerância religiosa.

Eles querem reafirmar a defesa do direito constitucional de liberdade de culto e pedir o fim da violência contra os praticantes de religiões africanas como a umbanda e o candomblé.

No mês de junho, quatro jovens evangélicos invadiram um centro espírita no Catete, zona sul da cidade, insultaram fiéis e quebraram todas as imagens e objetos do local. Os jovens foram presos e processados por crime contra sentimento religioso.

O Código Penal prevê prisão de um mês a um ano ou multa para quem comete esse crime. A pena pode ser acrescida de até um terço no caso de haver violência.

Fonte: Agência Brasil


Matéria: JC Online

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Petrolina comemora 113 anos com festa no domingo - 21 de Setembro


Publicado em 20.09.2008, às 18h45

Por Roseane Albuquerque
Núcleo SJCC/Petrolina


Os 113 anos de emancipação política de Petrolina serão comemorados em grande
estilo neste domingo (21). Concurso de fanfarras, desfile com a participação de escolas públicas e privadas são apenas algumas das atrações do aniversário da maior cidade do sertão do estado. Cerca de 2.500 pessoas devem desfilar pela Avenida Guararapes, uma das principais artérias do centro da cidade.

"Teremos a participação de cerca de 25 escolas, algumas com carros alegóricos, dez bandas, além de clubes como os Desbravadores e Aventureiros da Igreja Adventista, Os Fusketeiros, motociclistas, Clube do Jipe. Estimamos que todo o desfile aconteça num período de duas horas", explica uma das coordenadoras do evento, Déa Rachel. A concentração das escolas será na Praça das Algarobas e a dispersão na Avenida Souza Filho.

Desfilarão ainda na avenida dez ex-integrantes do Petrape (Pequenos Trabalhadores de Petrolina), cem crianças beneficiárias do Programa de Erradicação Infantil (PETI), duzentos judocas e servidores da Empresa Petrolinense de Trânsito e Transporte Coletivo(EPTTC). O desfile este ano terá como tema "Apologia à Cultura Pernambucana do Sertão ao Cais" e as escolas municipais vão prestar uma homenagem ao músico petrolinense Geraldo Avezedo. Após o desfile, um bolo com três metros de extensão deve ser cortado e distribuído para os expectadores do evento.

Mas a festa não acaba por aí. A partir das 13h, a cidade vai abrigar o 6o Campeonato Baiano e Sanfranciscano de Bandas e Fanfarras, que acontecerá em frente ao prédio da prefeitura municipal. Ao todo, serão 27 grupos disputando uma premiação em troféus.

SAIBA MAIS- Situada às margens do Rio São Francisco, a cerca de 730 quilômetros da capital do estado, Petrolina hoje é conhecida internacionalmente como um dos maiores pólos da fruticultura irrigada. Mas no início, pelos idos de 1840, era apenas a 'Passagem do Juazeiro'.

A cidade hoje conta com mais de 250 mil habitantes. Abriga duas universidades (Federal do Vale do São Francisco e a de Pernambuco) além da Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Petrolina (FACAPE), e a UPE - Universidade de Pernambuco / Campus Petrolina , o que direciona a cidade para se transformar, também, em um pólo educacional. O Aeroporto Internacional Senador Nilo Coelho recebe uma vez por semana um avião cargueiro, que leva toneladas de frutas produzidas na região para o mercado europeu. A padroeira é Nossa Senhora Rainha dos Anjos.


Fonte: Jornal do Comércio


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COLÓQUIO ÁFRICA E DIÁSPORA


O LUGAR DA MULHER NEGRA NA GEOPOLÍTICA: REFLETINDO SOBRE OS DESAFIOS DAS LUTAS CONTRA A POBREZA E O RACISMO

Apresentação

Em 2008, a União de Negros pela Igualdade celebrará 20 anos de existência e de luta contra o racismo. Nesse mesmo ano, o Brasil registrará a passagem de 120 anos de abolição da escravatura. Para marcar esses dois episódios da nossa história, a UNEGRO, em parceria com a UBM, União Brasileira de Mulheres e UNESCO, realizará o Colóquio ÁFRICA E DIÁSPORA: Refletindo sobre o lugar da mulher negra na geopolítica e os desafios da luta contra a pobreza e o racismo.

O Colóquio será um espaço de encontro de idéias, análises, reflexões e troca de experiências sobre a atual condição das mulheres negras na África e na Diáspora. A partir da discussão de temas estratégicos na contemporaneidade, pretende-se redesenhar cartografias de fronteiras da afro-descendência, dando visibilidade a produções, práticas e projetos em que a mulher negra seja protagonista, sujeito e não mais objeto.

O COLÓQUIO ÁFRICA E DIÁSPORA: Refletindo sobre o lugar da mulher negra na geopolítica e os desafios da luta contra a pobreza e o Racismo será uma importante oportunidade de refazer e resgatar caminhos e histórias, juntando vozes capazes de fortalecer a presença das mulheres negras como sujeitos políticos nas esferas de poder, em prol de uma ordem mundial socialmente justa, ambientalmente equilibrada e sem opressão de gênero, classe e raça, o que implica estruturar redes de contactos, projetos continuados e intercâmbios que ultrapassem o evento, ainda que se construam a partir dele.

Objetivo geral
Estabelecer um espaço de diálogo intercontinental sobre a situação política, cultural e econômica das mulheres negras na África e na Diáspora, na perspectiva de buscar propostas que favoreçam o enfrentamento dos desafios impostos pela discriminação e pela pobreza.

Objetivos específicos

  • Refletir sobre o processo de abolição da escravatura no Brasil e em outros países da América Latina, do Caribe e nos EUA, avaliando seu impacto nas condições de vida das mulheres negras.
  • Identificar e analisar o papel das mulheres negras nas lutas de libertação nacional dos países africanos.
  • Consolidar redes, através da divulgação de produções artísticas, culturais e políticas, bem como de experiências com ações afirmativas em diferentes contextos, como o ensino sobre a África e a História dos povos negros, ressaltando, nelas, as marcas de gênero e dando visibilidade, em particular, para os projetos de autores e autoras negras, no campo da economia, da política, da educação e da cultura.
  • Propor campanhas mundiais contra a invisibilidade e a discriminação em vários campos que atingem a mulher negra, traçando uma agenda de prioridades nos âmbitos mundial e regional, a partir de temas como:
    A objetificação do corpo da mulher negra.
    O embranquecimento da mulher negra na mídia.
    A violência simbólica, verbal e física contra a menina negra nas escolas.
    A onda de racismo na Internet.
    Experiências de cotas no emprego e na educação e como a mulher negra se situa nessa e em outras políticas de ação afirmativa.
    Direitos reprodutivos das mulheres negras.
    Migração e racismo.

Todo o trabalho do Colóquio será documentado em vídeo e fotografia e transformado em um relatório escrito. As principais idéias, as experiências significativas, as propostas de estratégias de atuação das mulheres serão registradas em uma publicação, após a realização do evento.

Justificativa

Qual o papel da mulher negra na geopolítica mundial? Como pensar as relações de gênero, marcadas pela ideologia patriarcal, de supremacia do homem sobre a mulher? Como analisar os processos resultantes do colonialismo como fato histórico e político, assim como as políticas de globalização e flexibilização seletiva do neoliberalismo,? Como identificar e combater as novas divisões sexuais do trabalho, do poder e do saber no cotidiano? Como identificar e combater os agravos ao corpo da mulher negra?
Essas são algumas das questões postas na agenda de debate do Colóquio África e Diáspora: Refletindo sobre o lugar da mulher negra na geopolítica e os desafios da luta contra o Racismo e a pobreza. O Colóquio será, sem dúvida, um importante espaço de reflexão sobre os impactos da concentração de riqueza, da redução de oportunidades no mercado de trabalho, dos avanços tecnológicos que tornam mais exigente a qualificação da mão de obra. Enfim, constituem elementos fundamentais para considerarmos as condições objetivas de existência das mulheres negras nas dimensões social, cultural, política e econômica.

A história moderna da humanidade, construída por homens e mulheres, sob a hegemonia dos primeiros, é um processo extraordinariamente diverso na constituição de povos, civilizações e culturas. Entretanto, os binômios dominante e dominado, riqueza e pobreza, racismo e subjugação são marcas indeléveis do fazer social. O gênero supostamente parece não se aplicar a temas tais como a guerra, a diplomacia e a alta política e, portanto continua irrelevante para a reflexão dos historiadores que trabalham sobre o político e o poder.

Mas há de se dar relevo às mulheres, especialmente às mulheres negras, também como sujeitos ativos nos processos de lutas promovidos pelas sociedades. A IV Conferência Mundial Sobre a Mulher, organizada pelas Nações Unidas, em 1995, em Beijin, reconheceu os direitos humanos das mulheres e foi a mola propulsora de mudanças nos diplomas legais de muitos países favoráveis aos direitos das mulheres.

O conjunto de países que constituem a África Austral, por exemplo, ratificou a Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher – (UNIFEM – 2005, elegendo pontos centrais para orientar a ação das nações na definição dos seus projetos de desenvolvimento.

Nas Américas, a realização da Conferência Regional de Santiago-2000 traçou um amplo panorama sobre a situação dos afro-descendentes no continente, apontando para as muitas instâncias de racismo estrutural, presente no atual modelo de globalização, que exclui os afro-descendentes, principalmente as mulheres negras, do acesso aos bens econômicos, culturais e educacionais.

A mulher negra tende a sofrer mais fortemente os impactos da miséria e da pobreza, da falta de oportunidades educacionais, de saúde e de inserção no mercado de trabalho e de acesso às novas tecnologias. Um dos maiores desafios à luta pela construção da eqüidade no mundo é, portanto, pensar e prover esforços no sentido de alterar as relações de classe social, racial e de gênero, para a superação das profundas desigualdades vivenciadas pela ampla maioria das mulheres, especialmente as mulheres negras na África e nas diásporas.

Os dados do relatório da OIT de 2007 mostram que a discriminação das mulheres no mercado de trabalho está presente em todo o mundo, em graus variados. Em muitas regiões do continente africano, os costumes, como a negação do direito das mulheres à propriedade e outros tipos de bens, fazem com que tais diferenças se acentuem. Nas Américas, também é flagrante a disparidade entre salários de homens e mulheres. No Brasil, a mulher negra chega a receber, em média, 30% do salário de um homem branco (IBGE, 2003). Muitos dados e pesquisas revelam a persistência de uma hierarquia social, racial e de gênero na estrutura social brasileira.

Nesse contexto, as mulheres negras buscam a construção de espaços políticos próprios e de articulação com outras mulheres, ampliando suas vozes e afirmando seu protagonismo político, pautando suas demandas e enfrentando os limites impostos pelo racismo e pela pobreza, com o tenaz sonho de realização de sociedades capazes de superar o racismo e promover a equidade. A União de Negros pela Igualdade do Brasil, a União Brasileira de Mulheres e outras organizações parceiras acreditam que um outro mundo é possível. Este Colóquio é um passo nessa direção.

PROGRAMAÇÃO
Local: Reitoria da Universidade Federal da Bahia

Quinta-feira
DIA 06 de novembro DE 2008
18 h: CONFERÊNCIA DE ABERTURA: O pós-abolição no Brasil e na América Latina e o seu significado para as populações africanas.

20:30 h: Atividade Cultural seguida de Coquetel

Sexta-feira
DIA 07 de novembro 2008
9 h: Abertura do Salão Feminino de Arte e Cultura Campo Grande
10 h: Análise dos Impactos das Conferências de Beijim e de Durban nas Políticas de Estado voltadas para as Mulheres Negras.
12 h: Almoço
14 h: A inserção da Mulher Negra na Produção Científica e Tecnológica e na agenda do Trabalho Decente.

Sábado
DIA 08 de novembro 2008
09:00h
Direitos Culturais, Sexuais e Reprodutivos: a luta contra a violência, o tráfico internacional e o desafio da autodeterminação das mulheres.
12 h: Almoço
14h: O lugar da mulher negra na geopolítica e os desafios da luta contra a pobreza e a discriminação.
Olívia Santana – Vereadora e membro da Direção Nacional do PC do B

Domingo
DIA 09 de novembro de 2008
09: h - Encaminhamentos do colóquio O Lugar da Mulher Negra na Geopolítica e os Desafios da Luta Contra a pobreza e a Discriminação.
11:00h - Ato de encerramento do evento: Mulheres Negras Contra o Racismo e a Pobreza.
Local: Praça 2 de Julho-Campo Grande

REALIZAÇÃO:
União de Negros pela Igualdade -UNEGRO
União Brasileira de Mulheres - UBM

APOIO INSTITUCIONAL
Ministério Público do Estado da Bahia
Agência Espanhola de Cooperação Internacional
Democracia Participativa – Região Rhône Alpes – França
UNESCO - Brasil

Fonte: Site da UNEGRO

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Eleições 2008 em Petrolina - PE


Pesquisa realizada pelo IBOPE encomendada pelas Rádios Grande Rio Fm e Grande Rio AM no município de Petrolina aponta que o candidato Dr. Julio (PMDB) tem a preferência dos eleitores, registrando mais da metade das intenções de voto.

Os números divulgados hoje apontam Julio Lóssio com (58%). Gonzaga Patriota (PSB) ocupa a segunda colocação com 33%, seguido por Rosalvo (PSOL) que tem 2% das menções de voto.. Os entrevistados que declaram votar branco ou nulo representam 4% e os indecisos ou os que não opinam também totalizam 4% das menções.

Na pergunta espontânea, as colocações permanecem as mesmas à intenção de voto estimulada, sendo que nesta questão, Dr. Julio tem exatamente metade das intenções de voto (50%), enquanto Gonzaga Patriota é lembrado por 28% e Rosalvo alcança 1%. Sem

a apresentação dos nomes dos candidatos, 17% dos entrevistados não sabem em quem votar ou não opinam e apenas 3% declaram intenção de votar em branco ou nulo se as eleições fossem hoje.

Destaque por segmentos. Dr. Julio apresenta seus melhores índices entre os eleitores com idade entre 25 e 29 anos e entre os mais maduros (50 anos ou mais), atingindo nestes segmentos 63% das preferências. Também cabe ressaltar que entre os mais instruídos (ensino médio ou mais), o peemedebista atinge 62%, enquanto seu principal adversário alcança 27% das intenções de voto.

Rejeição. Quanto à rejeição, Rosalvo e Gonzaga Patriota registram os maiores índices, com 50% e 41%, respectivamente. Dr. Julio confirma a liderança das intenções de voto, tendo o menor índice de rejeição (14%). Outros 10% admitem a possibilidade de votar em qualquer um dos candidatos.

PESQUISA IBOPE Inteligência / Rádio e TV Grande Rio FM / AM

Petrolina / PE

Período de campo:

A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 17 de setembro

de 2008.

Tamanho da amostra:

Foram entrevistados 504 eleitores.

Margem de erro:

É de 4 pontos percentuais, considerando um grau de

confiança de 95%.

Solicitante:

Rádio e TV Grande Rio FM Stereo LTDA e Rádio do Grande

Rio LTDA.

Registro:

Pesquisa registrada sob número 2008.083.007 na 83ª Zona

Eleitoral de Petrolina/ PE.

Fonte: Blog da Jornalista Josélia Maria

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Educação inclusiva precisa dar condições adequadas de acesso, avaliam Apaes


Brasília - O Ministério da Educação (MEC) publicou na última semana decreto que reestrutura o ensino para pessoas com deficiência, a chamada educação especial.

Para a coordenadora-geral da Federação Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) , Erenice de Carvalho, a educação inclusiva só se garante com as condições adequadas de atendimento a esse público.

“A atitude de muitas escolas ainda não é de aceitação, mas de reserva aos alunos com alguma necessidade especial”, observa. Para Erenice, a nova regulamentação representa uma “real oportunidade de que as necessidades especias sejam atendidas”.

A representante esclarece que as Apaes defendem o modelo da educação inclusiva, em que os alunos com deficiência estudam em escolas regulares junto com o restante dos estudantes, desde que haja as condições de atendimento.

"As Apaes surgiram quando não havia na sociedade a oportunidade de escolarização dessas pessoas. As escolas restritas às crianças especiais ainda existem na Apae, mas em reação a uma inclusão que não é efetiva. A inclusão é o que sempre sonhamos, mas é preciso ver a maneira como isso está sendo feito”, diz.

Segundo o último censo educacional do MEC, o número de matrículas da educação especial praticamente dobrou, passando de 337 mil alunos em 1998 para 654 mil alunos em 2007. A rede pública responde por 63% desses alunos, mas apenas 83 mil recebe atendimento educacional especializado.

“No Brasil existe uma dívida social com esse segmento que por muito tempo foi atendido pela filantropia e pela caridade em razão da desincumbência do estado. Depois da assinatura de vários tratados internacionais, o Brasil vem desenvolvendo novas políticas em todas as área. Na educação, os números de matrícula mostram isso”, disse a coordenadora geral de políticas de inclusão do MEC, Martinha Clareti dos Santos.

Com o decreto, a matrícula de cada aluno da educação especial em escolas públicas regulares será computada em dobro, o que aumenta o valor per capita repassado pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) a estados e municípios. “O decreto financia as ações lá no município que é onde de fato uma política pública se torna concreta. Isso é fundamental, pensar em educação inclusiva é pensar em financiamento”, defende Martinha.

Ela lembra que os gestores não podem mais usar a falta de dinheiro como argumento para a não-promoção da educação especial.“Para que a educação inclusiva aconteça, não basta haver a matrícula, é preciso que haja condições plenas de acesso, participação e aprendizagem”, avalia.

Segundo Martinha, as demandas para adequação física das escolas e implantação de salas de recursos multifuncionais podem ser feitas pelas secretarias de Educação direto ao ministério. Já existe uma linha de financiamento específica para a educação especial e o dinheiro segue direto para a escola.

“A gente não pensa mais que a cegueira ou a surdez é uma incapacidade, quem incapacita é o ambiente. Uma vez que as barreiras são eliminadas, o potencial dessa pessoas é consolidado”, defende Martinha. Para a coordenadora, o maior desafio da educação inclusiva é transformar a mentalidade da sociedade a respeito das capacidades das pessoas com deficiência.

“A gente precisa compreender que a educação especial deve perpassar todas os níveis e etapas do ensino, que ela não é substitutiva ou paralela. Ela precisa ir desde educação infantil até o ensino superior. A sociedade e a família ainda acha que ela precisa estar restrita aos lugares para os deficientes”.

Fonte: Agencia Brasil

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Eleições 2008: Em nove capitais, nenhuma mulher concorrerá à Prefeitura


Levantamento da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mostrou que em nove capitais (Rio Branco, Manaus, Salvador, Vitória, Goiânia, São Luís, Cuiabá, Porto Velho e Boa Vista) o índice de participação feminina à prefeitura é zero. Ou seja, nenhuma mulher vai disputar a vaga à prefeitura da capital.


Além disso, o estudo mostrou que nenhum partido cumpriu a cota mínima de 30% de mulheres no total de candidaturas para as câmaras municipais. Das 348.564 candidaturas ao legislativo municipal, 271.696 (77,95%) são homens e 76.868 (22,05%), mulheres. Mato Grosso do Sul apresenta o maior índice de candidatas, com 25,16%. O Acre é o último colocado —19,26%.

O estudo revelou ainda que nas 26 capitais onde ocorrem eleições municipais (Brasília não tem prefeitura e não terá eleições este ano), os partidos que menos atingiram a cota mínima foram o PMDB, o PDT e o PMN. Cada legenda alcançou o percentual de 30% apenas em duas capitais. De acordo com a secretaria, o PCdoB foi partido que mais cumpriu a legislação nas capitais, superando a cota em 12 delas.

Conforme o levantamento, todos os estados apresentam baixos índices de participação de mulheres candidatas ao cargo de prefeito. O Amapá aparece em primeiro lugar com 17,14% de candidaturas femininas. Novamente o Acre é o último, com 5,97%. Nas capitais, mesmo aquelas com maior número de candidaturas femininas, é pequena a participação das mulheres, à exceção de Porto Alegre, em que a eleição municipal tem quatro candidatos de cada sexo.

“Não temos o cumprimento da cota de 30% e, infelizmente, não há nenhuma sanção aos partidos que não cumprem. Porque estimular a participação das mulheres é uma função da sociedade, mas é, especialmente, dos partidos políticos”, afirmou a gerente da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Elizabeth Saar.

Ela acredita que a participação feminina nos espaços políticos, como secretarias, ministérios e direção de grandes empresas, pode servir de estímulo para outras mulheres. ”O mundo da política ainda é visto como um mundo dos homens, por isso é importante votar em mulheres e que a pauta seja assumida por homens e mulheres e, nessa pauta, está, inclusive, o estímulo à participação feminina nos espaços de poder”, argumentou Elizabeth à Agência Brasil.

Ainda de acordo com o levantamento da Secretaria Especial de Política para as Mulheres, as Regiões Sul (7,69%) e Sudeste (8,53%) têm os piores índices de participação feminina de candidatura às prefeituras. A Região Nordeste é a que apresenta melhor índice, com 13,31%, seguida pela Região Norte (11,76%) e pelo Centro-Oeste (10,18%).