terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Negro na Casa Branca

Por: Alexandre Braga * - 19/1/2009

Barack Obama e sua família entraram, com maciço apoio popular, pela porta da frente da Casa Branca. A presença deles consolida e é resultado da luta histórica de gerações de militantes negros, as quais eram engajadas em diferentes pólos da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. Portanto, Obama chegou lá porque seu país proporcionou-lhe uma acertada política de ações afirmativas. Agora um setor avançado da intelectualidade negra tem pela frente o grande desafio de gestar a administração obamista.

Esta se inicia tendo o desbloqueio econômico à Cuba como possível tarefa de relevo, cuja restrição atrapalhou a edificação societária da ilha socialista. Também ronda a seara do presidente negro, a necessidade de imediata retirada das tropas norte-americanas do Iraque, pondo um ponto final na ocupação.

Outros temas da agenda das relações internacionais ainda são uma incógnita, afinal não se sabe como o presidente eleito vai proceder sem desacordar seus aliados de primeira linha. Desses assuntos, o que mais interessa ao Brasil é a política de subsídio agrícola dada pelos Estados Unidos a seus agricultores.

Para Brasil e Mercosul, essa questão tem importância delicada, já que uma política menos restritiva pode destravar a produção e comercialização de alimentos no mundo. Se esses temas terão uma resolução ainda incerta, outros não demandam dúvidas quanto qual postura Obama vai seguir. Na área cultural, por exemplo, ele não pretende diminuir a hegemonia norte-americana no setor. Sua aliança com o super-poderoso grupo Fox News é resultado sintomático da continuidade da indústria cultural estadunidense sobre os demais países do Globo.

Muito provavelmente ainda, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos não vai alterar a atual rota dos acontecimentos do Consenso de Washington, muito menos os rumos da Doutrina Bush. Além disso, não vai mudar a Nova Ordem Mundial, pela qual os Estados Unidos impõem sua dominação bélico-financeira perante o resto dos países mundo afora.

O governo de Obama representa, sim, a possibilidade de construção de diálogos pontuais que envolvam a necessidade de haver urgentíssimas inversões de prioridades nas políticas públicas governamentais para atender significativa parcela dos excluídos do capitalismo. Essa é a principal missão dele enquanto clamor popular.

O fato de o governante ser negro é dos menores elementos desse jogo político, na medida em que, para manter o atual status imperialista e belicista, todas as matizes étnicas são bem vindas ao processo eleitoral dos Estados Unidos. Afinal, só nos interessa a questão racial quando essa discussão está a serviço de um projeto de emancipação social como perspectiva de construção de uma nova sociedade fraterna e igualitária. Barack Obama, por enquanto, está restrito apenas a construção desses diálogos paliativos. Porém, ao contrário das opiniões esquerdistas, sabemos a importância que essas eleições têm para o avanço da luta ideológica e política.

Ademais, termos um presidente - no centro do mundo globalizado - aberto ao diálogo fraterno com os movimentos sociais e demais blocos que não comungam a opressão geopolítica e ambiental provocada pelos últimos governos na América do Norte é passo histórico nesse caminho. Obama tem a chance de reverter o quadro da estagnação sócio-ambiental para construir uma nova correlação de forças, direcionando o país para a governança realmente democrática e antenada aos anseios da paz e respeito à autodeterminação dos povos. Além disso, tem a obrigação de anunciar medidas efetivas para superar a hodierna crise do capitalismo.

* Alexandre Braga É coordenador de Comunicação da Unegro-União de Negros Pela Igualdade-MG e membro do Fórum Mineiro de Entidades Negras - E-mail:bragafilosofia@yahoo.com.br




Fonte: AFROPRESS

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Obama assume presidência dos EUA com maioria no Congresso

Estados Unidos

Obama governará no cenário dos sonhos de qualquer presidente - o Partido Democrata tem maioria tanto no Senado quanto na Câmara.

Da Redação com Agência Brasil

Brasília - Com a crise financeira e o conseqüente desencantamento dos norte-americanos com o atual governo, a maior economia do mundo realiza hoje o sonho verbalizado por Marthin Luther King há 45 anos. “Eu tenho o sonho de ver um dia meus quatro filhos vivendo numa nação em que não sejam julgados pela cor de sua pele, mas sim pelo seu caráter”, discursou o ativista dos direitos sociais em 1963. Nesta terça -feira (20), toma posse o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama.

No que diz respeito ao apoio do Congresso, Obama governará no cenário dos sonhos de qualquer presidente - o Partido Democrata tem maioria tanto no Senado quanto na Câmara. No Senado, conta com 54 democratas contra 40 republicanos e dois independentes. Na Câmara, onde são necessários 218 votos para obtenção de maioria, há 252 deputados democratas, 173 republicanos e 10 indecisos. Obama conta ainda com o apoio dos governadores – 29 são democratas e 21 republicanos.

Filho de pai queniano, mãe americana e padrasto asiático, Obama nasceu em Honolulu, no Hawaí, no dia 4 de agosto de 1961 e foi criado pela mãe, Ana Duhan. Seu pai, o economista Barack Obama, e sua mãe Ann Duham se conheceram na Universidade do Hawaí. Depois de separados, o pai voltou para o Quênia e Obama foi criado pela mãe e pelo padrasto em Jacarta. Com 10 anos de idade, foi morar com os avós nos Estados Unidos.

Obama graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque, em 1983. Em 1991, se formou em direito na Universidade de Harvard. De 1985 a 1996 – quando foi eleito parlamentar para a Assembléia geral de Illinois - trabalhou como líder comunitário em bairros pobres de Chicago e como advogado na defesa de direitos civis. Simultaneamente, lecionava direito constitucional na Universidade de Chicago. Reeleito em 2000, foi eleito senador da República em 2004 pelo Partido Democrata no Estado de Illinois, com 70% dos votos.

Casado há 16 anos com a advogada Michelle Obama e pai de duas filhas, Barack Obama foi escolhido candidato à Presidência dos Estados Unidosem 2008, após cinco meses de acirrada disputa com a ex-primeira dama e também senadora democrata Hillary Clinton. Hillary desistiu da candidatura e declarou apoio à Obama em maio, quando ele alcançou mais do que os 2.118 delegados necessários à nomeação. Oficializada em 28 de agosto, a nomeação, por um grande partido, de um negro à Casa Branca já foi fato histórico na política norte-americana.

Obama evitou, em sua campanha, a polêmica racial. Beneficiado pela baixa popularidade do republicano George W. Bush tanto internamente quanto no exterior, recebeu o apoio de celebridades e autoridades do mundo todo. Com um discurso de mudança – o site de campanha e do governo de transição levou o nome de Change, que significa mudança em inglês - e com o slogan “Yes We Can [Sim, nós podemos]”, derrotou o republicano John MacCain e foi eleito presidente dos Estados Unidos no dia 4 de novembro de 2008, com 52% dos votos ( 62.527.406) contra 46% (55.450.968) de McCain. Ele venceu em 26 estados e no Distrito Federal de Washington. MacCain ganhou em 21 estados.

Entre as muitas promessas de campanha de Obama, estão a retirada das tropas americanas do Iraque, o fechamento da prisão de Guantânamo, a legalização dos imigrantes e a retomada do diálogo com nações amigas e inimigas. Mas foi a crise financeira internacional que deu o tom do processo eleitoral a partir de 15 de setembro, quando a Lehman Brothers decretou falência, o Bank Of America comprou e salvou a Merril Lynch e o índice Dow Jones caiu 500 pontos.

Questões antes centrais para o povo norte-americano, como o terrorismo e a guerra do Iraque, caíram para segundo plano. Para 63% dos eleitores, a economia era a questão mais importante. Outros 10% consideravam a guerra do Iraque como tema central, 9% estavam preocupados prioritariamente com terrorismo, 9% com o sistema de saúde pública e 7% com energia.

A recessão mobilizou americanos normalmente alheios à política e levou pela primeira vez às urnas 11% dos eleitores. Destes, 68% votaram em Barack Obama. O principal desafio do novo presidente será justamente salvar a maior economia do planeta.

Fonte:
África 21 - DF

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Posse de Obama


De acordo com o FBI, o aparato de segurança - mais de 12.500 soldados, diversos militares da reserva, 8 mil policiais de Washington e das cidades nas imediações, além de mil oficiais do Corpo de Bombeiros e Aeronaves do Exército - não se deve ao temor de que um ataque terrorista ocorra, mas sim devido ao elevado número de espectadores aguardado. Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas comparecerão ao evento.
Autoridades mapearam eletronicamente todos os passos do evento, desde o seu ponto de partida, nos degraus do Capitólio - onde Obama fará seu juramento e discurso de posse, marcado para pouco depois das 12h00, hora local (15h00 em Brasília) - até a Casa Branca, o destino final, para onde o presidente eleito seguirá de limusine. Ele também deverá percorrer um pequeno trecho a pé, como manda a tradição.
Por conta da operação gigantesca, uma área de três quilômetros quadrados da capital americana, que abrange a Casa Branca, o Capitólio e as imediações das duas construções, foi transformada em um setor de ultra-segurança.
Aqueles que forem à cerimônia terão de passar por postos de segurança, onde serão submetidos a exames de raios-X. Estão proibidas mochilas, guarda-chuvas, cartazes, animais domésticos, bicicletas e quaisquer objetos contundentes.




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